segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O meu voto não pode ser...

Me formei em Comunicação Social em 2004, pela Unisinos e possivelmente já no primeiro semestre, não vou lembrar exatamente como era a definição que aprendíamos, mas alguém nos ensinou que comunicação basicamente é troca, algo que vai, mas tem que voltar, do contrário não cumpriu o seu papel, não comunicou. Confesso que é uma discussão longa, mas gosto de simplificar assim: troca.

Pra mim faz todo sentido. Um ator fazendo um monólogo cumpre o seu papel em comunicar algo, as pessoas podem lhe devolver sorrisos, aplausos ou até arrepios, que ele não vai ver ou ouvir, mas de alguma forma saberá que o seu texto modificou alguma coisa em quem recebeu a mensagem.

Na infância, se o pai ou a mãe pegasse o chinelo na mão depois de a criança ter feito alguma arte, ninguém precisava dizer nada e certamente iria receber alguma coisa em troca. Umas chineladas ou o susto da ameaça. Enfim, mais uma vez duas partes se entendiam, o recado estava dado e todo mundo entendeu.

Em ano de eleições, juro que fico sem entender muita coisa. Assisto, escuto e leio os materiais de muitos candidatos e fico com uma impressão enorme de que eles querem falar comigo, mas não conseguem. Eu sei que eles querem me dizer alguma coisa, acredito mesmo que no fundo eles tenham algo para me comunicar, mas não consigo devolver nada, porque me perdoem, na sua grande maioria não me dizem nada. (Já dizia o Huberto Gessinger: "Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada...")

Eu sei que o que eles querem algo em troca, mas me perdoem, assim não vão conseguir nada. Quando sou abordado por um militante ou escuto o político dizendo: "Não esqueça!! É fulano de tal, número XXX!!!" penso que mal sabem eles que sou fraquíssimo de memória. Posso achar no lugar aonde voto o número do meu candidato, pois obrigatoriamente lá devem estar o número de todos candidatos em ordem alfabética. Por isso, pelo menos até o dia de votar, o que menos me importa é o número. 

Precisam de fato se fazerem entender para que eu dê algo em troca. Acho um atentado a minha inteligência que eles acreditem que eu votarei neles, vendo e ouvindo o que eles dizem. Que se eu memorizar um bordão ridículo ou a número deles, vai ser o suficiente para eu votar. Prefiro acreditar que não entendo o que eles querem me dizer ou o que eles querem em troca, porque o meu voto com certeza não pode ser, só pode ser piada.





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